Evento de abertura contou com conferência do pesquisador Cesar Victora e apresentação do Coral UFCSPA.

Nesta segunda-feira (29), foram iniciadas as atividades do II Congresso UFCSPA: Conectando Experiências em Saúde Global. O evento teve sua abertura totalmente online em plataforma própria, transmitidas apenas aos inscritos no evento.

Estiveram à frente da cerimônia de abertura a professora Marilene Porawski, coordenadora do II Congresso UFCSPA, o professor Luiz Carlos Rodrigues, coordenador do Congresso Escolar Científico (CONECt UFCSPA), a professora Lucila Ludmilla Gutierrez, coordenadora do IV Simpósio Internacional de Ensino na Saúde: Centenário Paulo Freire, a professora Mônica Maria Celestina de Oliveira, pró-reitora de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis (Proext), a professora Elisandra Braganhol, pró-reitora de pesquisa e pós-graduação em exercício, a professora Márcia Rosa da Costa, pró-reitora de Graduação da UFCSPA, a vice-reitora Jenifer Saffi, coordenadora do IV Seminário de Internacionalização e a reitora Lucia Campos Pellanda.

Com a palavra inicial, a professora Marilene Porawski discorreu sobre o tema da segunda edição do congresso universitário da UFCSPA, que aborda a saúde global e chamou atenção para a programação diversificada, declarando que a iniciativa é uma oportunidade de conhecimento e intercâmbio de ideais.

Os demais integrantes da mesa de abertura falaram sobre os desafios que a ciência tem atravessado nos últimos anos e a importância da promoção de atividades como o Congresso, que conectam a universidade à sociedade e representam a defesa da educação para as gerações futuras. Em sua fala, a vice-reitora Jenifer Saffi convidou os participantes a se conectarem com o tema do evento para aproveitar a oportunidade e debater perspectivas globais de saúde, educação em saúde e refletir sobre a formação dos profissionais do futuro, avançando nas práticas de desenvolvimento individuais e institucionais, a partir das experiências compartilhadas durante a semana de evento.

A reitora Lucia Pellanda conduziu a abertura falando sobre o trabalho da UFCSPA no cenário pandêmico, destacando as atuações da instituição e ressaltando o retorno que as universidades e a educação promovem à comunidade em geral. “A ciência salva vidas e a educação salva o futuro”, destacou, convidando em seguida a participação do Coral UFCSPA, sob regência do professor Marcelo Rabello dos Santos, apresentando a música “E Vamos à Luta” do cantor e compositor brasileiro Gonzaguinha.

Após a apresentação, a reitora Lucia apresentou o convidado da conferência de abertura, o professor emérito da Universidade Federal de Pelotas César Victora, membro da Academia Brasileira de Ciências, com posições honorárias nas universidades de Harvard, Oxford, Johns Hopkins e na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres. Com experiência nacional e internacional em pesquisas sobre saúde materno-infantil, Victora se tornou um dos principais pesquisadores em um dos estudos de coortes de nascimentos mais duradouros já registrados, a coorte de 1982 em Pelotas. Possui pesquisas que definiram políticas públicas de referências globais, tanto pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) como pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2020 foi um dos coordenadores e idealizadores da Pesquisa Epidemiológica Covid-19 (EPICOVID19), um dos maiores estudos mundiais realizado sobre a Covid-19. Victora recebeu o Prêmio Gardner em Saúde Global, Richard Doll Prize in Epidemiology em 2021, o prêmio FAPERGS e também foi condecorado com a medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico e Médico. Atualmente coordena o Centro de Internacional de Equidade em Saúde da Universidade Federal de Pelotas é membro de conselho editorial de diversas revistas acadêmicas, inclusive da The Lancet.

Durante sua fala o professor Cesar falou que eventos como o II Congresso UFCSPA são essenciais para motivar pesquisadores jovens, pois eles são o futuro.

O pesquisador apresentou durante sua conferência uma classificação própria dos três tipos de pesquisa que existem, seus objetivos, exemplos práticos e pontos de desvantagens. São elas: acadêmica, que tem a intenção de desenvolver o avanço do conhecimento; de denúncia, que promove mudanças a partir da divulgação de desigualdades em saúde e identifica iniquidade no acesso à assistência médica; e a pesquisa operacional, geralmente encomendada e tem como objetivo o planejamento, a avaliação e a melhoria de programas já existentes. Em cada tipo apresentado por Cesar, ele mostrou seu trabalho com pesquisa, desde quando recursos como computadores, fax e internet eram ainda inexistentes para dar suporte aos pesquisadores. “Fazer pesquisa naquele tempo era uma aventura”, declarou.

Entre os exemplos, Cesar Victora apresentou suas pesquisas ao longo de sua carreira como cientista, inclusive sua primeira pesquisa com impacto internacional, um estudo de casos e controles, que revisou todos os óbitos infantis nas cidades de Porto Alegre e Pelotas, no ano de 1985. O estudo, publicado na revista The Lancet, apresentou a importância do aleitamento materno para evitar riscos de mortalidade infantil e alcançou bastante repercussão. Em 1991 o trabalho resultou numa recomendação da OMS e do Unicef para que as crianças recebam apenas o leite materno nos seus primeiros meses de vida. Victora seguiu abordando estudos sobre o impacto da amamentação não apenas na fase infantil das pessoas acompanhadas desde o início da pesquisa, mas nas seguintes, de forma longitudinal, com coortes a cada dez anos.

Transcorrendo sobre as demais categorias de pesquisa, o professor apresentou mais estudos para mostrar ao público que alguns recebem mais citações que outros, mas que a pesquisa segue sendo fundamental para a saúde, pois promove evidência científica com impacto sobre vidas. Cesar Victora também citou a pesquisa EPICOVID19, que participou com seu ex-orientando Pedro Hallal. O estudo contou com a parceria da UFCSPA na estimativa de número de casos de coronavírus na população de Porto Alegre.

Victora finalizou sua apresentação com agradecimentos dos integrantes da mesa de abertura e dos demais participantes do evento. O docente declarou que ciência brasileira nunca atravessou uma crise como a que está enfrentando agora, com base em seus quase 50 anos de pesquisa. “O que vocês estão fazendo, divulgando e motivando jovens estudantes para o conhecimento científico, é uma iniciativa bonita que traz uma mensagem de esperança. E esses tempos difíceis passarão”, destacou.

A programação do II Congresso UFCSPA segue gratuita e online até a sexta-feira, 3 de dezembro. A apresentação completa pode ser conferida no site do II Congresso UFCSPA.

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