Trabalho foi publicado na Revista Científica Saúde e Tecnologia.

Um estudo realizado por docentes e acadêmicas da UFCSPA analisou a ocorrência da taxa de letalidade de aborto por sífilis nas regiões e capitais brasileiras. O trabalho, publicado na Revista Científica Saúde e Tecnologia (RECISATEC), levou em conta a epidemia de sífilis, que se configura como um evento mundial.

Para o problema de pesquisa foram considerados dados do Boletim epidemiológico de "Sífilis do Ministério da Saúde de 2020", de Porto Alegre, que ocupou o primeiro lugar com mais casos de sífilis em gestante, entre as capitais do país; o segundo lugar com mais casos de sífilis congênita e o sexto lugar com mais casos de sífilis adquirida, alertando para o cenário epidemiológico desfavorável que a capital apresenta e que se repete há mais de cinco anos.

O diagnóstico de sífilis pode ocorrer por meio de testagem rápida, exames laboratoriais e avaliação clínica. Tanto o diagnóstico quanto o tratamento são ofertados gratuitamente nos serviços públicos de saúde do país.

Foi realizado um estudo retrospectivo de série histórica, do período de 2009 a 2018. Os cenários analisados foram as regiões e capitais brasileiras, baseados em dados secundários publicados pelo Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, do Ministério da Saúde, no DATASUS. As variáveis selecionadas no DATASUS foram “Casos de gestantes com sífilis segundo idade gestacional por ano de diagnóstico, 2009-2018” e “Casos de sífilis congênita, segundo diagnóstico final por ano de diagnóstico, 2009-2018”.

A coleta de dados foi realizada na UFCSPA, durante os meses de outubro e novembro de 2019, englobando as regiões e capitais brasileiras. Os dados foram organizados em planilha do Excel, onde foi calculada a taxa de letalidade de aborto por sífilis, através do número de casos de aborto pela doença, dividido pelo número de casos de sífilis em gestante com diagnóstico no primeiro e segundo trimestre de gestação. Foi definido o tempo de 10 anos para o estudo, devido à disponibilidade de dados no sistema DATASUS e a possibilidade de comparação da taxa de letalidade na última década. O registro de casos possibilitou o cálculo e a análise de dados como a taxa de letalidade, que é definida como a proporção de pessoas com uma determinada doença (casos) que falecem devido à doença.

Como se trata de um estudo baseado em banco de dados público, sem identificação de usuários e fornecido pelo Ministério da Saúde, não houve necessidade de submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa

Entre os resultados encontrados está a redução na taxa de letalidade de aborto por sífilis, com o ano de 2018 encerrando em 2,22 casos para cada 100 gestantes com sífilis. Nas cinco regiões brasileiras também houve diminuição na taxa de letalidade de 2009 para 2018, podendo ter relação com uma melhoria no diagnóstico e tratamento.

A taxa mais alta de letalidade foi na região Nordeste, com 9,98 em 2009, concentrando as capitais:  Fortaleza, com 85,18, seguida de Aracaju, com 61,53, no ano de 2012, com maiores taxas. Já as capitais Macapá e Porto Velho, na região Norte; e São Luís e Natal, também no Nordeste, apresentaram ausência de registro de casos de aborto por sífilis em todo ou parte do período analisado. Na Região Sul, Porto Alegre tem a maior taxa de letalidade com 29,77 em 2015, após emissão de Nota Técnica orientando testagem rápida nas situações de abortamento.

A íntegra do estudo pode ser acessada neste link.

São autoras da pesquisa:

Fernanda Vaz Dorneles

Enfermeira. Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde de Porto Alegre, RS, Brasil.

Amanda Curtinaz de Oliveira

Acadêmica do Curso de Bacharelado em Enfermagem da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Porto Alegre, RS, Brasil

Mariana Xavier da Silva

Acadêmica do Curso de Bacharelado em Enfermagem da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Porto Alegre, RS, Brasil

Bianca de Moura Pasetto

Acadêmica do Curso de Bacharelado em Informática Biomédica da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Porto Alegre, RS, Brasil

Bianca Ledur Monteiro

Enfermeira. Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde de Porto Alegre, RS, Brasil.

Graciele Fernanda da Costa Linch

Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem – Mestrado Profissional da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Porto Alegre, RS Brasil.

Adriana Aparecida Paz

Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem – Mestrado Profissional da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Porto Alegre, RS Brasil.